segunda-feira, 19 de julho de 2010

Entretenimento não é Cultura !

Recentemente fui interpelado por um amigo que disse ter notado a minha ausência em um evento cultural em nossa cidade: uma festa country. Eu lhe informei, educadamente, que não apreciava aquele tipo de música e tentei explicar a ele que esse tipo de evento não era cultural mas sim de entretenimento ( um engano muito comum nos dias de hoje). O dicionário nos informa que cultura “é o desenvolvimento intelectual; conjunto de conhecimentos adquiridos pelo estudo;civilização”. Na era da ignorância e do consumismo em que vivemos, a mídia - num processo de forçação de barra ininterrupto- nublou nossa visão, embotou nossas mentes e alargou nossa tolerância nos fazendo aceitar coisas que jamais aceitaríamos há alguns anos atrás. Hoje atores de novela são pegos envolvidos com drogas,celebridades traficam ou matam pessoas inocentes,jogador de futebol é pego no motel cheirando cocaína com três travestis e nos já não ficamos nem vermelhos ! Eles? Continuam no convívio social e pasmem! Ainda são tratados como herois .
Na música a coisa não é diferente: composições a pouco tempo consideradas de péssimo gosto, baranguices imperdoáveis, são hoje coisa finíssima- ouvidas nas melhores famílias e executadas nas festas das escolas pra mamãe, pro papai e pra vovó.
O show bis é um furdunço dos diabos onde tudo vira produto de consumo rápido, mediocrizados em formato diet e light (uma música diet ou light é aquela que não se exige nenhum esforço mental para ouvi-la é só seguir o batidão). É, não tem jeito! Ouvir música boa exige pré requisitos, sensibilidade, bom gosto e há de se queimar algum fosfato pra entender a poética proposta pelos artistas envolvidos.
É fácil perceber que as músicas atuais são compostas com três únicas frases que se repetem à exaustão: “Meu amor , minha paixão, eu estou com saudades”. Só mudando , as fuças, as tatuagens, os acessórios, os piercings do lindeza do momento, o tamanho da meia que o cabra coloca na cueca pra aumentar o volume do pinto ,os mililitros de silicone nos peitos da gostosura e o nível de rebolâncias acrobáticas que cada criatura andrógena destas consegue executar dentro daquelas calças apertadíssimas sem arrebentar a costura dos fundilhos ou os pontos das plásticas. No mais, uma cópia sempre piorada do anterior ( obviamente um produto destes é altamente perecível) É assim mesmo! Porcaria de quinta apodrece e fede rapidinho. Escutem o que eu digo: estaremos em pouco tempo, ouvindo música neanderthal com uns fortões pelados, batucando pedaços de toco “raitec” com tacapes digitalizados, grunhindo e babando como um bando de chimpanzés no cio . E quem não quiser ouvir, que mude de planeta! Os carros de som dos “brodhers” só perdem em equipamentos e potência sonora pra os trios elétricos baianos ou pro carro do Batman. Todo mundo é obrigado a ouvir a barulhada insuportável dos caras .
“Pô Brody, maguei! ,mó doido brô, vamu curtir, fraga? To di cara véio !” Mas não tem novidade nenhuma: cultivar a burrice alheia foi sempre muitíssimo lucrativo.

Falô véios!

Osório Garcia

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