sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Compadre Belzebu

O MAL

Enquanto esse cuspir vermelho da metralha
Silva no céu azul o dia inteiro, e logo,
Verdes ou rubros, junto ao Rei que os achincalha,
Tombam os batalhões em massa sob ofogo ;

Enquanto a insânia horrenda arde num fogaréu
Cem mil homens e os deixa a fumegar,demente,
-Pobres mortos! na relva,ao sol do estio,em teu
Seio, Natura,ó tu que os criaste santamente....-

_Existe um Deus,que ri nas toalhas dos altares
Num cálice dourado,entre incensos, e nesse
Tranquilo acalentar de hossanas adormece ;

E acorda quando as mães, morrendo de pesares,
Choram de angústia, sob o negro xale imenso,
E lhe dão uma moeda, amarrada no lenço !

Artur Rimbaud

Um comentário:

  1. O sinhô é muio chique ou eu deveria dizer culto demais da conta. Eita que esse blog tá sendo uma aula de literatura da melhor qualidade pressa dona Rê aqui.... rimbaud... quanto tempo....

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